Confirmação

Como o Batismo, a Confirmação também pertence à categoria das grandes obras de Deus. Se o batismo se radica no mistério da morte e ressurreição de Cristo, a Confirmação tem sua base no mistério da efusão do Espírito no Pentecostes, que inaugurou o tempo da Igreja e a missão dos apóstolos e dos crentes no mundo.

No Antigo Testamento os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor repousaria sobre o Messias esperado em vista de sua missão salvífica. A descida do Espírito Santo sobre Jesus por ocasião de seu Batismo por João Batista foi o sinal de que era Ele quem devia vir, que ele era o messias o Filho de Deus. Concebido do Espírito Santo, toda sua vida e toda a sua missão se realizam em uma comunhão total com o mesmo Espírito, que o Pai lhe dá sem medida (Jo 3,34).

Ora esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias; devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Por várias vezes Cristo prometeu a efusão do Espírito, promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa e em seguida de maneira mais marcante no dia de Pentecostes. Repletos do Espírito os apóstolos começaram a proclamar as maravilhas de Deus (At 2,11), e Pedro começa a declarar que esta efusão do Espírito é sinal dos tempos messiânicos. Os que então creram na pregação apostólica e que se fizeram batizar também receberam o dom do Espírito Santo.

Desde então, os Apóstolos, para cumprir a vontade de Cristo, comunicaram aos neófitos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito que leva a graça do Batismo a sua consumação. A imposição das mãos é com razão reconhecida pela tradição católica como a origem do sacramento da Confirmação que perpétua, de certo modo, na Igreja, a graça de Pentecostes.

Bem cedo, para melhor significar o dom do Espírito Santo, acrescentou-se à imposição das mãos uma unção com óleo perfumado (crisma). Esta unção ilustra o nome de “cristão”, que significa “ungido” e que deriva a sua origem do próprio nome de Cristo (ρχιστος), ele que Deus ungiu com o Espírito Santo (At 10,38). E este rito de unção existe até os nossos dias, tanto no Oriente como no Ocidente. Por isso, no Oriente, este sacramento é chamado Crismação, Unção com crisma, ou mýron, que significa crisma. No Ocidente, o termo Confirmação sugere que este sacramento, ao mesmo tempo, confirma o Batismo e consolida a graça sacramental.

Desde o Antigo Testamento, mesmo não sendo revelado como pessoa, o dom do Espírito de Deus se manifesta e expressa como força transformadora, que estabelece os homens escolhidos pelo Senhor em condições de cumprir a missão para qual são enviados: os juízes foram transformados pelo poder do Espírito para serem os libertadores de Israel; os reis foram consagrados com a unção, tendo a eles a função real a eles confiada; os sacerdotes foram marcados interiormente pela ação do Espírito de Deus; os profetas falavam e operavam no seio de Israel movidos e guiados pelo mesmo Espírito. Mas é sobretudo no Novo Testamento, com Cristo e com a Igreja, que a ação do Espírito se manifesta e se cumpre em toda a sua plenitude, tendo em vista a manifestação e o prosseguimento do plano de salvação estabelecido pelo pai e realizado na plenitude dos tempos pelo Filho encarnado. O tempo da Igreja é o tempo do Espírito Santo.

O sacramento da Confirmação se inscreve nessa continuidade e nesse tempo como sacramento da plenitude do Espírito Santo, que confirma o batizado e compromete, em novas e mais responsáveis condições, a dar testemunho do evangelho para a construção da Igreja e do reino de Deus no mundo.